domingo, 11 de outubro de 2009

Des, in e prefixos mais.

Desajustada, deselegante, despropositada, e um monte de outros dês. O que dei mesmo foi muito azar. Pessimismos à parte, há um quê de inexplicável nessa coisa melancólica que me faz sentir desse jeito, de tempos em tempos. É como se a roupa estivesse larga demais e as meias não coubessem nos pés. Tudo muito sutil, devo dizer – começa com um estranhamento ao voltar pra cama depois de levantar pra buscar água, e cresce a ponto de se tornar uma torneira que não cessa mais, incurável. Odeio auto-piedade, mas o excessivo controle não me faz nada bem. Tenho que admitir: estou em vigília, estou alerta, os carneirinhos a mais de mil. Suspiro fundo, tão fundo a ponto de cansar até da respiração. Me peço mais paciência, ao som daquela velha música, numa tentativa frustrada de não desabar - mas o abismo chama, e para ele basta um quarto de passo. A verdade é mais crua do que eu gostaria pensar, e eu estou inapetente.
Ontem mesmo, quando assistia a um filme de amor, resolvi acreditar em tudo outra vez - luvas e meias perfeitas, assim como todos os outros pares que a vida se propõe a trazer. Mas percebi que me dou melhor com singular - uma escova de dentes; um livro ao lado do travesseiro único na cama; um ticket pro cinema; uma única xícara de café. Não me incomodo com isso, mas como eu havia dito, de tempos em tempos, me percebo querendo um a mais. Ou não sei o quê. Chuva, rotina e solidão têm sua cota (limitada) de prazer. Depois, fica chato - e pouco.
Pois bem. Ainda assim, o que me preocupa de fato é o fato deu ser hipervigilante, beirando a neurose. Entre ser maravilhosamente suficiente e estar imersa no caos, me dou uns 5 minutos! Cíclica, imprevisível e oscilante, se posso assim dizer. Sou incoerente, inconstante e incompreensível - como prova de que dos "des" e dos "in" eu não me salvo. É essa instabilidade que me mata! Na maioria das vezes eu sou oito ou oitenta milhões - e o equilíbrio é uma linha pela qual eu passo reto. Meus sentimentos me tomam sem aviso prévio, e pra me prevenir, eu decido montar uma caverna quentinha, debaixo de um cobertor quentinho, numa cama farta que não me cobra nada - cômodo demais. O enfrentamento é que dói. Ele e a exposição. E sendo assim, eu alimento essa coisa toda melancólica que me trouxe até aqui.