segunda-feira, 10 de maio de 2010

Segredo

Seus olhos tristes, olhos doces, olhos fundos. Um mar sem fim, manso, suave, como a maré quando está bem baixa. Um mar sem fundo, misterioso, pesado, como dias em que o tempo muda sem aviso prévio. Convido-me a olhá-los sem medo, encará-los de frente, como se disposta a mergulhar até onde eu for, até onde me deixe ir. Serena, respiro o último ar abstinente e me permito envolver por um nevoeiro azul infindável. Sou pouco a pouco absorvida, até que paro. Um desvio seu. O que há aí dentro que tanto machuca, tanto dói, grita, mas não pode sair, nem em forma de água com sal? Estendo uma mão, a outra mão, já levada por uma correnteza fina e sem rumo... Peço que me leve, sim, sem questionar minhas intenções. Eu quero ir, quero habitar. (Deixe-me entrar?). Não há respostas além, porque não há mais perguntas. Morro nesses olhos, hipnotizada pelo vazio transparente. O que será, que será?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sopro de...!

Eu finalmente não tenho motivos para acreditar na dor, ela, uma velha conhecida. Depois de escorregar pra dentro de um buraco e cair infinitamente, encontrei o chão, firme e mais incrédulo que eu. Ventava leve, e eu me joguei num redemoinho , apostando na minha inquestionável capacidade de voar. Quebrei as asas, quebrei a cara, despedacei meu coração em mil pedacinhos-clichês (É uma pena que só me venha essa imagem à cabeça, e eu a vivencie repetidamente. Já pedi pro pensamento, um outro disco, por favor...).
Não é descaso, nem desejo de vingança contra esse vento ruim. Ele seguia o seu curso, e inevitavelmente me pegou – eu me deixei mesmo levar. Mas ele girou, me arremessou de um canto a outro, chacoalhou meus sentimentos todos, e finalmente me deixou sair. Ou eu percebi que ele não era tão forte assim. Agora estou aqui, pisando um chão inacabável sem a menor vontade de ficar tão segura. Corro atrás do carrinho de algodão-doce. Certeza, vou comprar um catavento...