segunda-feira, 28 de junho de 2010

Silêncio

Não é que a vida está chata ou nada assim. O coração está calmo e eu aprendi a não ver a bradicardia como mera falta de emoção. Mas o mundo passa ao meu redor, e eu só vejo borrões. Ao meu lado, rostos correm acelerados, com batidas mais fortes e a inspiração aguçada. Eu perco o timing, chego atrasada e sem perna, e finjo que a verdade é que nunca esteve ali. Algo em mim me puxa pra lugar nenhum, e eu fixo os meu pés no chão, o corpo doído, as lágrimas cansadas. Me falta pulmão, mas falta também faísca. Às vezes é como se eu estivesse concentrada demais em me proteger. Não é tristeza, não, é um estado quase contemplativo do vazio. Eu sei que no fim das contas eu estou à espera, e em meio a cometas irradiando um pedido de desejo, me vejo calada, sem saber o que pedir. É como se ficar deitada na grama, olhando o céu, sozinha, nesse minuto bastasse.

Quem dera esse minuto fosse eterno..