domingo, 11 de setembro de 2011

Flores



Menina de saias longas voando ao sol, e sua menina vestida de luzes. O mar longo, todas as possibilidades desse infinito que só pede paz, fé e som. Mil cores misturadas em um arco-íris que termina no riso escancarado, olhos rasgados ao ver o azul imenso cheio de tom. Essa terra tem cheiro de terra, tem um calor do batuque ritmado chamando pra perto, invadindo o corpo e o que há além. Aqui a alma é grande, o resto é o maior que pode ser. O medo dela, que antes escondia os braços, atava o peito e as mãos, agora se dissipa em meio aos pressentimentos bons. Tudo são flores...
Na noite quente, uma cama pequena onde cabem os suspiros inteiros, os dois. A história dos santos, donos do povo que grita aqui a liberdade de simplesmente ser, é repetida na boca de quem já viu de quase tudo. Há um feitiço no ar, no céu que abriga luzes piscando seus milagres, esbanjando o hálito da madrugada sem fim. Só se canta o amor, e o canto toma todo o espaço.
Meu beijo tem gosto de mar e pegadas na areia. Uma onda que ruge os ciúmes de Yemanjá, mas que abençoa com sal a pele clara, a pele escura. Longe, bem longe, o sol vai caindo por trás das nuvens, aquecendo o abraço, concha de gente. Dias como esses ficam guardados num potinho de vidro na estante de casa, dentro do bolso da calça, debaixo da escada. Explodo da sensação que impulsiona outra busca por algo assim, suficiente para fazer valer a existência.