sábado, 30 de abril de 2011

Fettuccine ou talharim?



Têm dias na vida da gente que uma mosca ganha forma de elefante. Dias em que nem eu mesma sei que hormônios são esses que me regulam e fazem de mim um ser com limiar negativo para tolerabilidade. Perco quase a habilidade de conviver socialmente, e como um bebê com falta de ar, fico extremamente irritada. Nessas horas não sei mais o que é justo.



Há a privação de sono, o suor do dia anterior, o medo anterior ao fato, o fato que, por já ser fato não deveria despertar tantas rugas novas. Eu envelheço em mim cada vez que não suporto lidar com as coisinhas bobas do dia-a-dia. Quero talharim, fettuccine, não!



Pouco me importa se são a mesma coisa! Se há um quê irracional na minha angústia em forma de ranger os dentes, devo isso à forma demasiadamente humana de ser, à qual tenho me descoberto – demasiadamente, irritantemente, relutantemente – vulnerável.



Paciência.



Peço desculpas de antemão para aqueles que com sorrisos quiserem semear suas gracinhas pelo mundo. Sorry, hoje não tou pra macarrão.





Spolleto, 12/04.




segunda-feira, 4 de abril de 2011

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Toda forma de batida é nova, e silencia a angústia de se esconder o que se é. Estou descobrindo aos poucos, e não acelero a consciência dos fatos. Eles se mostram ao seu tempo, a mulher vestida de preto, o convite impresso e irrecusável, o homem com olhos cor do céu, a língua de fora. De dentro sai um vulcão. Depois de mil voltas ao redor da mesma encenação, alcancei o alvo e fui fundo nele, cheia de medo, cheia de certeza nenhuma sobre o teor do desejo. Uma voz rouca com cigarro na boca fala de um jeito semicerrado que eu tenho mais é que fechar os olhos e cair, me jogar. Com uma prece e um copo, eu vou – pouco hesitante, pouco podada, despudorada. Viva...! Viva! Assim eu fui.


Amanhã sou surpresa, a música que agrada meus ouvidos já toca em um outro tom. Não me culpo mais por isso. Minha erupção tem cor de pele, e roça o outro com vontade de mais. Eu quero só sentir – sem pensar, sem questionar, sem mentir. E se desconheço esse traço que começa a se formar por onde passo, é porque tenho mesmo que percorrer no escuro, arriscando-me à vida, antes de dizer com convicção à quê vim. Estou aqui. Esse fato, que já é tudo, por enquanto me basta.