sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Divã 1/2

Não, não, não. Eu tento manter minha posição, manter uma pose. Tento te convencer de que estou certa, que sua teimosia coloca a gente num abismo. Bato o pé, viro as costas. Choro. Elaboro. Isso tudo pra mim é uma grande desculpa.
Será que é mesmo tão difícil? A verdade é que eu mesma odeio enxergar, odeio sentir um impulso maior do que o meu direito de pedir. Eu queria só pra mim, mais até do que ter inteiro. Não me bastaria só ter inteiro. Eu queria tudo e ainda mais, queria o meu desejo irracional de não dividir. Porque cada vez que via sorrindo um riso que não era meu, sentia mais longe de mim.
Louca.
Depois dessa confissão, preciso dizer, a loucura se esvaiu. Um suspiro aliviado, por favor. É, eu sei, a gente aprende a controlar nossos impulsos ridículos de agressividade. E aceita que pra ser normal precisa concordar com os limites sociais das relações. A arte da sutileza – fazer comentários simpáticos sobre alguém, dizer que sentiu muito não ter estado presente naquela ocasião. Um blá blá blá mentiroso, quando a verdade é bem mais feia. Problema de cada um – todo mundo é, e não se fala mais nisso.
...Nossa, como eu tou mal-humorada hoje!

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