segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Dionísio..."

Voz e vento. Um canto fora de mim que ecoa em minhas arestas. Aroma, corpo, verso. O copo meio cheio, o gosto meio amargo, a meia luz. Pela janela o pisca-pisca luminoso em meio à escuridão. Meu ouvido calejado já não escuta a promessa no silêncio. Sinto que há um certo ar de surpresa na continuidade previsível, e eu continuo me deixando levar. Não, eu não lamento nada. Me ponho nascida outra vez, quantas preciso for. Uma vitrola toca sozinha, como se fosse para ninguém. Reclama a desfeita, canta o choro de outro alguém, e eu velo noite adentro a ausência que vem de dentro de mim. Misterioso pesar. Chá, limão e mel. Preparando a métrica, à água de rosas. A noite tem um fim, mesmo sem eu ter achado a pontuação. As coisas do lá fora beiram o redor, como se pedissem para entrar. Só eu sei.

Um comentário:

  1. Com a parte do "Só eu sei" eu concordo plenamente :).
    Amo muito você.

    E claro: boa prova para nós!

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