segunda-feira, 10 de maio de 2010

Segredo

Seus olhos tristes, olhos doces, olhos fundos. Um mar sem fim, manso, suave, como a maré quando está bem baixa. Um mar sem fundo, misterioso, pesado, como dias em que o tempo muda sem aviso prévio. Convido-me a olhá-los sem medo, encará-los de frente, como se disposta a mergulhar até onde eu for, até onde me deixe ir. Serena, respiro o último ar abstinente e me permito envolver por um nevoeiro azul infindável. Sou pouco a pouco absorvida, até que paro. Um desvio seu. O que há aí dentro que tanto machuca, tanto dói, grita, mas não pode sair, nem em forma de água com sal? Estendo uma mão, a outra mão, já levada por uma correnteza fina e sem rumo... Peço que me leve, sim, sem questionar minhas intenções. Eu quero ir, quero habitar. (Deixe-me entrar?). Não há respostas além, porque não há mais perguntas. Morro nesses olhos, hipnotizada pelo vazio transparente. O que será, que será?

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