terça-feira, 5 de outubro de 2010

Chá e espera

Uma receita boa para mentes aceleradas é chá de calmante. Mas eu sou simplesmente resistente a essas tentativas óbvias de me fazer parar. Tem gente que nasceu com a inquietação em si, com uma potente faísca pronta a explodir a qualquer momento. Não me nego fogo, apesar da irritabilidade basal em lidar o tempo todo com a possibilidade de extrapolar, não me conter, não controlar. Fico me perguntando se essa é uma escolha minha, deliberada: a de sentir extravagante. Eu de fato acho bonito quem sente, admiro quem não tem medo de se experimentar, de viver empiricamente aquilo que aflora à pele e não tem medida. Mas a verdade é que no fim das contas eu quero mesmo o equilíbrio. Ele e nada mais.

Tenho percebido que essa baboseira toda de estar imersa em mim mesma nada mais é que uma desculpa que eu me conto para evitar a vida – e assim, evitar o enfrentamento, a frustração, os sentimentos mil incontroláveis. Tenho revirado caixas fundas e empoeiradas, desenhos feios e borrões quase indecifráveis na tentativa de finalmente entrar em contato com o submerso, o que tem por um lado diminuído minhas defesas frias e enraizadas. Mas como é difícil abrir mão do conforto das coisas não remexidas... Externalizo tudo o que há em mim em forma de suspiro cansado, olhos tristes envelhecidos, vontade de dormir um pouco mais. Meu repertório está restrito e o meu coração com plaquinha de fechado para balanço. O equilíbrio é o mar, e ele está longe (não sinto nem o cheiro...!).

Essa noite, sentada sem sono e sem sossego, a vida me deu um chá de cadeira.

Um comentário:

  1. mas sabes q pode gritar, q alguns metros de distancia alguém ouve e está pronto pra soprar o som da brisa do mar no seu ouvido.

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