terça-feira, 26 de julho de 2011

Efêmera..

Acordo todos os dias, ligo o chuveiro até a água esquentar, lavo os cabelos e os prendo no alto. Independente do pensamento prevalente, isso é algo só meu, meu ritual diário que me faz lembrar de mim. Hoje resolvi ir um pouco adiante, me dei ao desfrute de ouvir música durante o banho, pintar os olhos com lápis verde, usar uma roupa que ainda tinha etiquetas. Esse é um discreto, potente apoderamento das minhas pequenas coisas diárias e óbvias, que faz com que eu olhe pra dentro e diga que estou ok.
Hoje faz sol e eu estou de saias. Ouço uma voz ritmada, a percussão seca ao fundo, e o que mais se precisa pra melodia ser boa. É um convite à liberdade do corpo, do pensamento, uma porta escancarada à leveza do delicioso ser.
Agora é noite e eu estou no mundo, com sapatos altos, cabelos ao vento e um fio do lápis cor azul nos olhos grandes. Uma outra cara. Danço passos a dois, levada pelo desejo de flutuar, pelo desejo de acordar com a maquiagem borrada e um sorriso no rosto. Ignoro a existência de qualquer coisa fora do instante agora, permito-me o prazer digno de noites que não se deixam esquecer...
Passo uma, duas tardes no sofá, tentando entender o mundo ao meu redor. Não sou do tipo que produz demais, mas acelero a minha percepção de que tudo não passa da sensação de hoje. Ela, prevalente e assustadora, que me impõe a relação comigo mesma, sem máscaras ou meias verdades.
Se alguém souber definir, me fizer entender qualquer suposição  óbvia, o convite está feito. As portas dessa noite estão abertas prum brinde com cerveja gelada, a celebração da existência sem pressupostos. E sem necessidade de amanhã.

Ouvindo "ave cruz", CÉU.

Nenhum comentário:

Postar um comentário