quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Sem fim

Eu aturo todas as verdades frias sem me manifestar. Gosto de brincar de ser dura comigo mesma, pra dar pano pra esquizofrenia por fora de mim. Ora, em meio ao caos que não respeita o limite de lugar algum (nem para além das Américas, como ouvi no telenotícias) assumo a pedante posição de alguém que luta apenas por um outro dia qualquer: acordar, banho frio, clic clic contra a mesa, tiquetaquear de horas sem fim. Meu maior bem é a poesia, que nesses tempos dorme. Sono profundo e bom.
Não sei se por cansaço ou sorte, tenho difiuldade em me impressionar com as coisas ditas impressionáveis. Eu, figurinha clichê cheirando a meia idade. Impressionante mesmo é quando se está em absoluto silêncio e algo te faz sentir. Sejam 324 metros ou 1,57. Tanto faz. A verdade é que enigmaticamente sonhos se constroem e desabam diariamente, e eu os vejo ser como se sentada na calçada da porta de casa à espera do vento que tarda em passar. O meu mundo gira em torno de um grande vazio, órbita de lugar nenhum. Sou mar de desassossego, e enquanto penso sobre o nada, deixo-me banhar da dúvida sobre o que realmente importa. Nunca há de ter fim.
Esses dias aprendi a admirar copos de leite num arranjo só, porque nem todas as primaveras são feitas de lírios.

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