Elas e seus sotaques embriagados, sorrisos embriagados, corpos lúcidos ávidos por mais. O meio termo - meio Nabokov, meio Machado de Assis - nem tanto, nem tão pouco; um estilo, assim, mais para peculiar. Peles brancas bronzeadas, óculos escuros maiores que os olhos água do mar, até grandes demais, eu diria, mas que sustentam a teimosia em causar discretamente a necessidade de se virar para olhar novamente. Seguram garrafas com bebida de marca famosa descolada, mascam chicletes, compram chocolates de qualidade ruim. Gargalham ruidosamente, escandalosamente, e nem entendem ao certo o por quê - simplesmente esbanjam uma sensualidade doce, dessas que estampam outdoors com propaganda de pasta de dente.
No fim, todos os nomes soam iguais, mas elas se preservam o direito de não conflituosamente fazerem parte da massa - essa massa seleta de pernas saltitantes em volta das pool tables, sob palquinhos de bandas tocando ao vivo um rock antigo da época em que nem tinham nascido, ao redor das piscinas turvas com gente demais. Coquetéis, conversinha mole, grande exercício intuitivo da ausência de regras e obrigações. Um infinito hall de possibilidades...
Quando amanhecer, ainda serão as mesmas, esperarão alguns outros anos, trocarão os shorts, as camisetas e a intuição. Olharão no espelho as tatuagens com marcas do tempo. Tomarão café da manhã pela manhã, farão invariavelmente escolhas, talvez casa, comida, crianças, banquinhos rústicos no jardim. Usarão protetor - fator no mínimo 30 - antes de irem ao supermercado. Ensinarão as regras, porque cultivarão o desejo genuíno de passar adiante. Elas, agora identificadas por nome e sobrenome, aprenderão a respeitar o tempo calmo das coisas conforme passa a vida, e sempre serão, em algum lugar de si mesmas, as sábias mocinhas deitadas ao sol...
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