terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Desmilinguida

Me questiono às vezes sobre a validade desses pensamentos ditos empíricos que vêm pra nos mostrar como valorizamos pouco as coisas importantes da vida. É um blá blá blá filosófico bem irritante pros momentos em que nada parece estar no lugar – nem a pobre coitada mocinha da novela tem sossego, só sofre. Não vou mentir, eu empatizo.
A vida é como um jazz, e esse não é um pensamento meu, é uma constatação. Todo o envolvimento deliberadamente não sincrônico, o jogo incessante de chamada e resposta, e você precisa de um farto rol polirrítmico pra dar conta do recado. Um ar sincopado, um ar exaltado. Transgressor, melancólico. Afinal, a vida é vida, sem hesitação – you have gotta take the risk (e definitivamente não fui eu quem inventei isso). Como na vida, não há jazz sem jogo de cintura, sem improvisação.
Hoje eu estou assim, sem tentar entender, repentinamente disfórica. Estava tudo comodamente linear, e eu devo admitir, não estava reclamando. De uma hora pra outra, dei um salto de notas, e agora me perdi no caminho. Já não sei explicar usualmente quase nada, agora é que eu não vou saber mesmo! Até meu desejo de pôr pra fora me dá uma rasteira e brinca com a minha disposição. Perdi, meu Deus, o eixo da onda, dei um escorregão, caí de bunda. Agora estou aqui, desmilinguida demais pra pensar.


(Nada de nadar contra a maré. Se me puserem contra a parede, eu ligo alto o CD da Billie Holiday na faixa 3, e deixo tocar...).

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