sábado, 28 de agosto de 2010

Estou com medo de escrever. As palavras hesitam em sair e me questionam se vale a pena tirá-las de dentro de mim. Permaneço inteira mesmo despedaçada, e é isso que me mantém de pé, insistente – o meu senso de mundo particular maior que todo o resto.

Em meio ao desleixo, à vontade de desabitar essa pele, de transfundir os pensamentos endurecidos e arraigados, reconheço uma defensora loba tomar conta de mim, tão firme e intensa que me faz criar garras. A verdade é que eu banco minhas sensações, estou aqui, com unhas e dentes, certa do que sou. Como uma mãe defendendo sua prole, me coloco à frente escancarada, afastando pra longe aquilo que me faz doer. É noite e eu acabo de fechar as portas. Tenho sofá, cama e coração vazios, mas ainda assim, eu tenho a mim. Finalmente descobri que posso estabelecer um pacto comigo mesma - apesar das desavenças pessoais, das frustrações gritantes, do medo de gelar a espinha. Não quero me curar nunca mais da sensação viciante e entorpecente de me bastar e me querer, mais que tudo no mundo.

Hoje estou concha do mar.

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