segunda-feira, 16 de maio de 2011

Outra beleza não há.

O metrô passa rápido demais, mas dá tempo deu ver. Uma mulher não muito alta, não muito esguia, nada elegante. Uma mulher linda. Entrelaçada, com panos amarrados ao redor das costas, até a cintura, formava um ninho aconchegante para sua cria. Era um aventalzinho de canguru, um bolso pra colocar um segredo, um forno onde se aquece o coraçãozinho do filho. Outra beleza não há. Observo tudo aquilo tomada por um encantamento que eu nem sabia ser capaz de sentir, como se naquele exato momento estivesse partilhando clandestina de uma corrente de afeto universal. Eu podia quase ver concretamente o fluir mágico e despretensioso da imensidão do sentimento. Ao redor, pessoas apressadas em suas bolhas de vidas vazias, apressadas para lugar nenhum. Secas. Cegas. Como o mundo não parou para ver essa fonte exuberante de amor?


Entro os portões de casa embebida do prazer de presenciar um estalo de sentido para isso que chamamos de vida. Se é que há um sentido, acho que acabo de descobrir. Agora carrego em mim um segredo, um desejo de ter isso também para mim. Chamarei de Sophia, de João, de meus pequenos, príncipe e princesa. Ensinarei a andar, a correr pelados pro mar. Sei que somente assim experimentarei concretamente a maior dimensão que pode haver um sentir. Logo eu, inebriada pela possibilidade de simplesmente ser levada pelo envolvimento doce e terno que brota do fundinho do coração...


Já espero vocês, desde já, meus queridos.

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