terça-feira, 9 de agosto de 2011

Meus mares

Doce a minha solidão, que me faz chegar a gostar de mim, do que está guardado com uma potinha de quase-dor. Meus dias têm sido o prenúncio de um banho de mar, ondas que vão e vêm, suavemente, calmas. Parei de sangrar, parei de ferir meus próprios sonhos. Tudo ao seu tempo, eu simplesmente vou, tudo é meu.
Respeito o meu direito de caber em mim, minha própria caixinha de lenços perfumados. Um filme antigo à espera de ser visto, rabiscos com a letra ilegível, flores semi murchas no vaso em cima da mesa. Esse é o mundo ao meu redor, grande o suficiente para abrigar toda a minha necessidade de agora.
Vivencio à meia luz uma paixão sóbria, meu bem, meu mal, alma, coração. Tenho tempo de respirar, de pedir permissão ao sentido antes de morrer de sentir. Sou sussurro, poeira assentando no chão, algodão. Tenho desenhado borboletas cor azul, a forma de falar o silêncio... Dias em forma de luz clara, como um amanhecer constante. Até a angústia tem ardor mais leve, um ar elegante de quem vem apenas para se fazer lembrança... Mas nada leva nada, me deixa inteira, na discreta dúvida do que realmente fazer com tudo de mim, o agora, o antes e o depois.
A noite é curta demais pra esse desfrute leve, interior, entre quatro paredes. Gosto dos ruídos de luzes que piscam longe, mimetizando a vida que cabe dentro do espaço de cada um. Todo mundo assim, como eu - tão diferente... Não há lugar para o estranhamento do mundo. Aprendi que é confortável estar com as múltiplas de mim. Com a eu de fato. Medos, vertigem e sede. Aproprio-me do encantamento de não-saber, mas de ser óbvio. Dicotomia sabor alecrim. Simples assim...

Nenhum comentário:

Postar um comentário