Amanhã me deito com ela, Yemanjá em suas águas. Minhas mãos
estão livres e agarram todo o palpável do ar. Esse, definitivamente, não foi um
ano ruim, mas diante do empurrão no precipício, beira do pânico e desespero,
decidi fechar os olhos e fluir. Nos braços de outro alguém. Ele segura uma
criança no colo, e eu desejo, só por um segundo, que haja mais.
Diante das ondas que dançam, calmaria e devoção, curvo-me
por ser mulher, permissão para entrar e sentir. A água do mar é doce, e corre
inteiro o meu corpo sem pressa. Esse corpo que pede mais, canta e chora a dor
de se sentir vivo. Penso ainda nela, cravando minha pele com linhas firmes, a
letra da poesia que habita, mas dorme. Tudo meu entregue ao misterioso vão
entre o óbvio e o nem tanto assim. Eu, que resolvi andorinhar por aí, sem me
preocupar com a ventania. Meu turbilhão já rodopia um sem-cessar sem fim. Por
isso mesmo eu continuo.
Palpável mesmo é o fato de cada dia. Decidi não me abster.
Voando vou...
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