segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eu custo um copo de café forte e cinco saches de adoçante barato pra me convencer de que devo parar pra pensar. Racionalmente. Estou com um sentimento inexplicável e sem motivo. Ou pelo menos penso que estou. Partindo de uma decisão tomada ainda antes de levantar resolvi não alimentar o meu lado carente e sanguessuga. Pus uma, duas, três roupas diferentes, desci degraus incontáveis no escuro, subi num ônibus, andei prum lugar que pertencia só a mim. Eu deveria me bastar.


De repente aquelas canções velhas de todos os dias, na mesma voz de todos os anos (desde os cinco de idade), ganharam um sentido que me fez sofrer. Eu sabia a letra de cor, mas não sabia a intensidade das palavras - elas, poderosas palavras, que potencializam o sentimento já potente por definição. Meu castelo de areia está sendo levado pela força irrevogável e honesta do mar. Inevitável colapso, calmo e bruto, que inunda até a mim...


Se hoje eu pudesse guardar uma coisa que me é óbvia, guardaria o gosto desse café. O calor. O aroma. O meu mundo inteiro, que parece intocável dentro desse desfrute indecente do amargo açucarado. Esqueço de tantas conclusões já exaustivamente tiradas que permito apenas um riso discreto e tímido para a menina no espelho. Acho que preciso enxergar mais o que está dentro, valorizar a imensidão do que há em mim... Uma conquista pessoal de pequenos mimos, de carinhos constrangidos, de suavidade no olhar. Eu preciso me desejar. E nessa, enxugar meu próprio pranto, me cantar canções no ouvido, respeitar minha vontade de estar só.


Porque eu sou tudo o que tenho, primordialmente e sempre.

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