sábado, 11 de agosto de 2012

Campeã do mundo

Tem alguém que sabe o meu sabor, meu nome, todas as minhas cores. Se eu pudesse escolher, o mundo seria um pedaço daquele chão frio, que ouviu tudo sem dizer nada, apenas consentindo em silêncio. Fico sem palavras só de imaginar, tentando recuperar o fôlego que me foi tirado sem nem aviso prévio. No fundo eu tinha absoluta certeza que seria assim. Eu sei que gosto.  Ontem descobri um gesto novo, reagi só com o corpo, quase sem pensar, e fui gradativamente me convencendo do quanto absurdamente isso me toma. Acordei sedenta. Vergonhosamente à espera. Se há algo que me faz pulsar sem que eu consiga impor controle algum, esse algo é pele. Pele na pele. Eu escorrida inteira. Carrego hoje um coração que me dá sinais de transbordamento, uma dor aguda da vontade de ficar pertinho, toda a fantasia de um sonho bom. Me pego ensaiando noites após ter bebido um pouco a mais, noites de celebração do primeiro emprego, e todas as outras ainda não vividas, veladamente desejadas, pedidas quase em forma de prece. Meus joelhos não cansam em pedir. Vez em quando meus pés voltam ao chão, me lembram da verdade dos fatos, do telefone que não deve tocar, do jantar com uma taça só. Entregue e sem medo, sinto que estou pisando nos ovos do meu próprio senso. Bamba entre o caos do certo, o caos do errado, tudo muito misturado diante de algo que é genuinamente bom. A melhor de todas as coisas.  Deixo para amanhã a realidade da vida. Eu, campeã do mundo, só por essa noite. 

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