terça-feira, 29 de novembro de 2011

Libélula

Você, que nao quis dizer até logo, nao quer logo menos, nem quis dizer logo mais. Você, que achou que eu não merecia respostas, ou achou que eu não merecia simplesmente saber, só pelo gosto da dor que o não saber traz. O desprazer. O des-saber. O dissabor. 
Eu, que acordo atordoada com as possibilidades todas, e ao mesmo tempo nenhuma, que olho ao redor e procuro me distanciar do amargo da manhã, resquício do azedo de ontem à noite. Uma manhã que, como eu havia dividido com você, tinha feito promessas de me trazer o sol. E eu acreditei. Mas você não quis dizer, não quis ao menos saber. 
O meu apartamento, com suas paredes ocupadas com meus mil falsos encantos, minhas caligrafias rasgadas pelos cantos, minhas bijouterias antigas de quinta categoria. A minha fotografia descartável, se confundindo agora comigo mesma - eu mesma, descartável. O meu apartamento, que escancarou as portas com sorrisos nem sei de quê, deixou entrar pelas janelas um cheiro nem sei de quê, mas que você sabe. E não diz. Tem tanta culpa quanto eu, apesar deu me saber tendo mais. 

Sobra em mim um bicho, asas longas e vôo veloz, triste, que mora perto das águas. 

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