segunda-feira, 5 de julho de 2010

Apêndice


Palpitação inútil e fora de hora. Eu sempre sinto com atraso. Parece que vivencio a emoção nos cinco minutos depois, na reprise dos atos que mexem fundo em mim. Quando deixo transparecer, já é tarde demais, e fica inteiro engasgado sem poder sair.


Eu tive todas as oportunidades imagináveis, e as deixei escapar uma a uma sem dar a menor importância. Bati as asas pra longe, bati os pés forte no chão, teimosiei gritando em defesa do meu direito de ter, sim, todo o tempo do mundo. Mas eu não queria tempo – o que eu queria mesmo era certeza, e no fim das contas, ela nunca veio. Agora, sinto mais uma vez que deixei passar por mim o que poderia ter sido de fato algo real. E o que restou do meu sentimento? ...Hipótese!


Será pranto bobo de coração vazio? Ou vontade birrenta de algo que se desfez, escorreu pelos dedos das mãos? Será só o rosto quente, ausente, pedindo cafuné ou será uma prece sussurrando por um motivo qualquer? Sabe Deus. Mas no fundo, sinto esse sentimento sem nome tomar proporções gigantescas em tardes abstinentes da sensação de hoje, e o reconhecimento do desejo não torna a angustia mais suportável... Estou inquieta, incabível, enlouquecendo e revirando por dentro! Olho a fotografia e me ponho quase entregue ao impulso, certa de que vou me machucar, vou me arrepender (nenhuma novidade). Tenho um passarinho no meu peito, e ele segue preso, cantando o canto mais livre à espera de ouvidos gentis, ouvidos dispostos. Aqueles.


Está tudo fora de lugar e é irritante a minha falta de controle.

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