terça-feira, 27 de julho de 2010

Revelações

Meus dias têm quarenta e oito horas, duas faces com batons diferentes. Estou cindida inteira, intensa em duas de mim teimosamente manifestas – ora ao sol, ora à lua. Transito entre os pólos camuflada do meu desejo, antípoda que sou e refém do que está submerso e eu não sei. Mas eu afloro, potencializando papeis intransponíveis e absolutos na busca de coisas que por vezes não representam exatamente tudo que há aqui. Sou o contrário de mim mesma, habito cordialmente esse corpo cheio de pernas que cambaleiam em volta da dúvida sobre o que seguir. Me perco a cada esquina, e esporadicamente experimento a sensação do fôlego do entardecer, na possibilidade de algo novo, fresco, úmido. Me fluidifico e vou.

Deixo os pensamentos não reveláveis permearem o lugar que lhes pertence, o dedo sobre a boca confirmando que por ali eles não saem. Sem palavras possíveis, despeço-me com o que me resta de “expositível”, ainda pouco penetrado de culpa e medo. Quando durmo, já aí acordo, e sendo outra inicio um outro capítulo com língua, cílios, mel e poema.

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