sábado, 18 de fevereiro de 2012

Despedaço

Todos os seus CDS são meus. E as caixinhas de música, os despertares cheios de preguiça, a cafeteira que não faz café. Toda a sua intenção inexata por qualquer uma dessas coisas. Os pratos brancos, porcelana dada de presente, talvez presente de vó, além do carrinho de feira, do pinguim de geladeira.
Toda a sua caligrafia pertence às minhas dedicatórias, meus livros em sua estante, minha pele em seu lençol queimado com bituca de cigarro. O meu Chico que era seu até eu gostar. O seu hábito que virou meu, porque dele eu gostei. Tudo muito misturado num universo que parecia não ter nome nem fim.
Suas botas nos meus pés, sua gravata e nada mais. Os anéis dos seus dedinhos pequenos, menores que os meus dedinhos pequenos sempre frios. Sua jaqueta que hoje me veste um vestido, seu inglês perfeito, meu francês só na língua e nos olhos.
Talvez eu fique por aqui.
Comprei um cachecol cheio de cor, pus um pouco de cor nas bochehas rosadas. Lá fora há muito cinza, em harmonia ao que me espia. À espera de coragem. Preciso de uma caixa de papelão onde caibam Cds, botas, lágrimas e saudade...

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